12 junho 2009

Lição das alturas




O carro gemia, cansado pelo esforço de percorrer o íngreme caminho que dava acesso à vista. Da estrada asfaltada ao local de estacionamento na pedra, mil metros de altura e enormes sulcos na terra, ferida pelas chuvas e pelo descaso.

Preocupado em não deixar o carro sumir em algum buraco, dirigia resfolegante, o frio do clima batendo de frente com meu corpo molhado pela tensão.

Definitivamente, o passeio era para a visitante, mas não para mim. Nem por causa da dificuldade de acesso, ou da contabilização possível de prejuízo em meu carro, mas porque as promessas de resultado me pareciam pequenas.

O nome da pedra que subíamos de carro já parecia me dizer o que eu poderia esperar: Bauzinho. Como havia explicado para ela, "inho" em português era diminutivo, e à parte da boa gramática, neste caso "inho" também poderia ser um comparativo depreciativo, diante da grandiosidade que ficava ao seu lado.

Portanto, uma experiência menor me aguardaria, se comparada com a que vivi há poucos meses atrás na outra pedra, a do Baú. Naquele dia passei por um turbilhão de emoções. O medo inicial da subida na rocha nua, oscilante entre pernas trêmulas, o desafio físico e também mental de não poder desistir no meio do caminho, a chegada ao céu, entre nuvens, estufando alegria pela vitória alcançada.

Mas subir de carro na pedra menor não era propriamente uma aventura.

Descemos no estacionamento vazio em busca do curto caminho até o topo. A subida na pedra não era o motivo do passeio, diziam, mas sim a contemplação da vista, com o vale extenso embaixo e ao lado a personagem central, a grande pedra. A pequena pedra seria então uma espécie de admiradora da outra.

O vento cortante que atravessava como espada aguda nossos casacos parecia enviar mensagens de alerta para o que ocorreria em seguida. Um curto e fácil caminho, e estávamos diante da cena. Como que atacado de surpresa, não consegui falar nada, a não ser deixar escapar um oh!, maravilhado com o que via. Se adoração significa reconhecimento de superioridade, eu ali tinha meu momento de culto a Deus, que erigiu aquele monumento fantástico.

No retorno à estrada de asfalto, dirigi leve, o professor dentro de mim fazendo-me processar o aprendizado. Toda experiência, disse ele, oferece lições, desde que tenhamos a humildade de aceitá-las do jeito que elas chegam. No caso da grande pedra, aprendi a importância da determinação e esforço em busca de um objetivo. E me senti grande. Na pequena pedra, aprendi sobre a grandiosidade da contemplação passiva. E me senti feliz por ser pequeno.

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